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Efeito Borboleta

from Ossos de Prata by João Tamura x Beiro

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about

Letra e voz: João Tamura;
Produzido por Beiro;
Mix&Master: Beiro.
Vozes adicionais: Pedra.

João Tamura: www.instagram.com/joaotamura/
Beiro: www.instagram.com/prod.beiro/
Pedra: www.instagram.com/pedranotme/

lyrics

A noite cai como uma vertigem - já não ouço o que os ossos dizem.
Espero que as Fúrias nos pisem ou que os sonhos se cristalizem.
Rezo a nomes que não existem - que os loucos profetizem.
E que eu escreva sempre a vida que todos nossos corpos fingem.
O sono perde alcanço, dobro as horas de adamanto,
quero tanto ir-me embora como José Mário Branco.
Acorda-me deste pranto. Vou-me só no mal do canto.
Bebo todo o teu encanto e este em prol do meu engano.
Sou menos que um lugar, menos pessoa, pó que ecoa.
E se este quetzal não voa, cresce só, morre em Lisboa.
Pus veneno nesta veia - esquecido pelo tempo.
Nus derretemos Pompeia e eu caído em cada erro.
Se o céu nunca mais nascer: tu dá-me as mãos e corre,
para nunca mais perder ou que a promessa vã não brote.
Se o nosso amor morrer, que então teu coração galope,
E se algo mais de nós crescer - que sejam só manhãs melhores.

Sobre as minhas falhas: quantas epopeias conto?
Sei-as numerosas como as veias que tenho no corpo.
Cruzo meio mundo, ao teu encontro, meio morto.
Aos meus olhos, dei-te tudo. Enquanto tu: amei-te pouco.
Desculpa-me este peito: tu merecias “tão mais flores”.
Eu fotografo a preto e branco e tu merecias “tão mais cores”.
Perdoa-me este jeito - percursor de mil defeitos.
Mas eu juro seguir-te inteiro seja lá para onde fores.
Em busca da saída: amor, fujo, vê-nos longe.
Anseio a vida digna num estate a Sul de Londres:
Brixton, Peckham…
Saio de casa com a lua e volto quando os estores se fecham.
No metro para Victoria pois os sons não batem vendas,
sempre atento às horas pois sonhos não pagam rendas.
Outrora mãos jovens que de noite atavam vendas,
roubavam jóias, rasgavam rendas.
Percorro as avenidas em prol de um trabalho digno.
Como assim criar um filho só com um ordenado mínimo?
Os nossos dois salários nem dão para comprar-lhe os livros
e estes poemas sem sentido não me servem para o currículo.
Preciso mais: onde eu pertenço ou onde vamos?
Já não falo com os meus pais há quantos meses ou quantos anos?
Sem poder contar a quem amo os meus segredos, medos, prantos,
as paredes nas quais me tranco onde não existem tempo ou danos.
Onde eu perdido, imagino mundos - tantos.
E afasto-me tanto deste. Tantas vezes pouco humano.
Tu dá-me vinho. Escrevo menos, bebo, canto.
E eu só quero ficar sozinho como José Mário Branco.

credits

from Ossos de Prata, released April 15, 2021

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João Tamura Lisbon, Portugal

João Tamura é músico, poeta e fotógrafo. Nascido em Lisboa, nos anos 90, começou a fazer música cedo, aos 14 anos. Música, essa, que dá vida e roupagem aos poemas que escreve.

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