O meu nome é sagrado,
Se eu cedo à fome, tu toma cuidado.
No negro do Porto ou no berço do fado.
É claro que vim para queimar a cidade.
(ZA)
Sou esgoto da Linha - Linha é minha zona. E eu promovo a zona até foder o Visa.
E sem meter a kiza para foder a mona. Eu vim foder a mona até foder a Lisa.
A ver se viraliza, a ver se viro a Lisa. Subo até ao Porto para descer na lona.
E se me vires na zona, para em cada lomba, se não levas na tromba tipo que estás na prisa.
Agora: topa que eu estou woke tipo que eu não dormi. Tipo que eu em blur, vi:
Que sem trabalho não há tour com a turma e alguém que te ature e
atire a tara, até te abrir a cara, até partir para dar um ar de zumbi.
Aqui um brother trás a rima Prada para a tua limonada e se não há, sumi.
Topa, eu tou sempre aqui, senta b e vê-me afim.Agora olhas para mim e dizes pleno a mim.
Tropa vim fazer do rap um sempre, tu sentes que és um mesmo e mesmo assim és só um meme assim.
G, eu só quero ser uma lenda vivo… Para ser uma lenda viva!
Meto-vos aqui a coçar cabeças: eu vim para vos espremer tipo são uma lêndea viva.
E troça, a superar o teu rap mini tipo litrosa. Rei da poesia isso aí eu vi pro ZA,
Sempre a mandar dicas e o G nem riposta. Ya… E se o teu tropa ri, posta,
dica bem pesada, repescada, eu vi posta. Sempre na jogada, na passada à Rui Costa.
Vim trazer o fardo do fado, o meu nome é sagrado… fuck, cá pela cidade, boy, isso é o que um G gosta!
(Pedra e João Tamura)
O meu nome é sagrado,
Se eu cedo à fome, tu toma cuidado.
No negro do Porto ou no berço do fado.
É claro que vim para queimar a cidade.
(Maudito)
‘Tou? Cala. Já sabes quem fala.
Mudei de nome, não mudei de sala. A cena é singela e a mim ninguém se iguala.
Arroz Cigala a tentar fazer massa sem dizer pão. (Tenho) o rap na batata - eles dizem não?
Nada nos empata, só importa o som. A minha turma chibata e chacota o bom.
Que sabota bem, lambe bota a quem? Está no trono mas sempre um quito aquém.
Nós sem vintém, sem guita para a mãe, a dizer “não há pai, não ha ninguém que apanhe”.
A skill é outra e minha letra é bruta, a merda está de fora e nem falo em chuca.
Desculpa o choque - nada cheque. Rap chique? Ou mais chiclete?
Tudo mastigado, aqui não compete, bate por sorte e não me bate, é certo.
Mais sincero: vou siderar, o topo da lista a considerar,
Escolher o que quero ser, em vez de onde quero estar.
Palavras que eu junto aqui fizeram o que eu tenho em mim,
Fui ao chão mas nunca caí. Guita atrai, mas o som, eu nunca o traí.
(Pedra e João Tamura)
O meu nome é sagrado,
Se eu cedo à fome, tu toma cuidado.
No negro do Porto ou no berço do fado.
É claro que vim para queimar a cidade.
(João Tamura)
Feras, demos, animais. Mais que sete pecados mortais.
Mais carabinas, facas e punhais. Crescemos com Pac, com Beto e Racionais.
Escrevia em cadernos para me manter de pé, Bixho do mato sem terço para a fé.
Zé ou Alicate? Eu sou sempre Buscapé. Tão mal humorado? Só saio ao Tozé!
Não toca no corpo que o nome é sagrado. Direto do esgoto da cidade do fado.
No negro do Porto com a Nume a meu lado, não entro no jogo se ele está viciado.
O que eu tenho e que é pouco nunca mo foi dado. É a guerra num campo minado:
fugimos ao tédio a plantar maldade na esperança que o céu nos esteja destinado.
Criado no prédio com o rap do Big L. Tu tão fraco e genérico - és só um “big L”.
Subia para o palco com o Vasco e o Miguel, para a guerra e fardado como se fosse o Fidel.
Perdemos o medo e ficamos com tudo, queimamos dinheiro - ilumina-me o escuro.
Não vendo o meu mundo, nem cedo o meu tudo, nem vivo de views do YouTube.
Bixho da cidade no lixo da cidade. Verme da Cidade - isso é Xksitu de verdade.
Olho-te tão em baixo do cimo da idade… Para bater fazes tudo - tão cringe, coitado.
O nome é sagrado, filho da cidade do fado.
Subi para o Porto com a crew a meu lado, é claro que eu vim para queimar a cidade.
João Tamura é músico, poeta e fotógrafo. Nascido em Lisboa, nos anos 90, começou a fazer música cedo, aos 14 anos. Música, essa, que dá vida e roupagem aos poemas que escreve.